studo do dia 13/03/2014
Ao abrir o Evangelho. O Bem e o Mal Sofrer.
Hoje não tenho um tema. Foi-me avisado que o tema deste estudo seria trazido pelo plano Espiritual. O grupo de estudantes desencarnado que nos acompanham nos estudos tem um tema preparado que querem abordar. Agradeço o contato e a escolha do assunto a ser estudado.
Sempre antes dos nossos estudos fazemos um pouco de meditação para agradecer a oportunidade pelo nosso encontro, e então, aguardamos o contato do membro do grupo de espíritos que nos passa as informações.
– Boa noite, meu nome é Otavio, mais uma vez, eu venho como representante do grupo da forma como você apresentou – muito mais um porta voz do tema de discussão já havida no grupo.
Eu – Seja bem vindo Otavio. Estamos de coração aberto para ouvir os ensinamentos, e é muito bom ter um tema trazido por vocês, fico feliz quando isso acontece.
Obs. – No texto vou me referir ao nosso companheiro Otavio com a inicial do seu nome – O.
O – Nós estávamos com um assunto discutido que diz respeito também ao trecho do Evangelho, nós vamos focar, e não vamos estar sozinhos, comigo em alguns momentos, outros dos componentes irão se manifestar também.
O – O trecho do Evangelho foi praticamente escolhido a dedo como dizem entre vocês, porque nós temos visto aqui, no plano desencarnado, e que é muito mais um reflexo do aprendizado e das crenças no período de encarnação, essa dificuldade, do Bem e Mal Sofrer. E nós hoje então pedimos esse espaço para podermos falar um pouco sobre as experiências que temos tido aqui neste plano, onde as crenças – principalmente as crenças do sofrimento- que trazem dificuldades no convívio, e também dificuldade de desenvolvimento no plano não encarnado. Muitas vezes não há a percepção dos vícios e das crenças que se traz da encarnação passada, o que temos visto é o despreparo na maior parte dos espíritos que encarnam de olharem para as dificuldades que são durante esse período, um presente encarnatório. Muitos ainda vêem a encarnação como um período de castigo – quando na realidade é um período de grande presente – é um período de jubilo, onde se podem desempenhar papéis. A encarnação funciona quase – e já foi dito aqui – quase como os jogos olímpicos, que muitas vezes duram quanto? Dez quinze dias? Porém para chegar lá, são preciso décadas de treino, de esforço e de planejamento. É isso que muitos não entenderam, e se sentem castigados durante esse período quando a vicissitude na realidade é a possibilidade de realizar escolhas e de ser responsável pelas escolhas que se fez, e responsável, não significa culpado. O Pai Amoroso nunca quis que todos fossem perfeitos no período de encarnação, mas sim, que pudessem ter a oportunidade do aprendizado, que tivessem a oportunidade do não julgar e de realizar o Amor Incondicional, mas a grande dificuldade tem sido o excesso de julgamento, o excesso de orgulho, o excesso de medo, que acaba se refletindo muito mais nesse período no plano a que vocês chamam de espiritual, mas, que para nós não tem um nome especifico.
Eu – Quando você fala em escolhas – nós fazemos nossas escolhas – nós nos responsabilizamos por essas escolhas – muitas vezes não. Se você tem que tomar uma decisão numa escolha e você fica na dúvida, na insegurança, e nesse momento desencarna. Como fica isso? Você leva esse estado para a vida espiritual?
O – Esse estado inclusive é potencializado depois da desencarnação, e muito das outras coisas que ainda te moviam durante o período encarnado deixam de te mover e você acaba ficando cristalizado só nessa dúvida.
Eu – Então quando nós ficamos em dúvidas numa situação isso nos causa muitos danos porque a decisão é necessária em determinados momentos?
O – A decisão é necessária sempre. Os momentos de indecisão geram sofrimento para todos os envolvidos, errar ou acertar é só uma consequência de decidir. O jogo não é ganho só por quem é certo, ou perdido por quem erra, o jogo só existe quando se decide errar – acertar são consequências. Não decidir – é não participar.
Eu – Mas e se você toma uma decisão na dúvida. Porque a indecisão vem justamente disso, quero ou não quero, é bom ou não é… Ai toma-se a decisão, e vê que se tomou a decisão que, ah não me fez bem! E ai?
O – Só depois de toma-la é que você pode ver que não fez bem. Ai você tem outra decisão a tomar.
Eu – Que é encarar a consequência?
O – Exato! O que você não pode, é não decidir, porque isso trava tudo, e essa trava vem de uma forma muito séria e potencializada para o plano espiritual.
Eu – Ai vem muito do sofrimento do texto do evangelho, você entra num sofrimento que é avassalador, mas foi causado por você, né?
O – Porque você na realidade sofre pelo que não decidiu, e sofre pelo que poderia ter sido…. E esse é um sofrimento dos maiores que existem, porque é o sofrimento da ilusão, e ele não tem cura. Se você fez um corte na mão, por exemplo, talvez doa muito, na minha época se usava Mercúrio Cromo, talvez doa muito passar o Mercúrio Cromo, mas você sabe que o corte vai sarar, agora, se você não decide, você sabe que o sofrimento continua, continua…
Eu – E é verdade que enquanto você não fecha uma porta a outra não se abre, por exemplo, você esta numa relação sofrida, mas não se desliga por apego, passa anos… enquanto não se decide uma outra coisa não se aproxima. Isso é real? Bloqueiam-se coisas novas que possam vir?
O – Sim. Nós temos no nosso grupo vários espíritos que tiveram encarnações diferentes, e um deles muito jovem diz que é para dizer para vocês, e ele veio para cá há relativamente pouco tempo, que é como num jogo de vídeo game, você só pode ir para a faze dois, se tiver fechado a faze um. Ele brinca que nós devemos ter metáforas de vídeo game.
Eu – Isso é um sofrimento criado pela indecisão? E é um sofrimento muito grande, né?
O – Sim. Maior que a decisão, na maioria das vezes, na grande e esmagadora maioria das vezes, o sofrimento da indecisão é o sofrimento ilusório, e ele é muito grande porque a ilusão acaba se tornando enorme.
Eu – A decisão tem a ver com a realidade?
O – Não! Porque o que é realidade?
Eu – Sei lá o que é realidade nesse mundo de Deus.
O – O que você quis dizer por realidade talvez seja a percepção da maioria das pessoas, não a decisão, a decisão não tem nada a ver com a percepção, porque as decisões muitas vezes mudam a realidade, porque a realidade só se forma quando cada um percebe o que esta acontecendo. isso é muito individual. E o que é pior – o que é muito pior – se você na sua indecisão criar ilusões de sofrimento, você já esta sofrendo.
Eu – Ilusões de sofrimento?
O – Sim. Porque para o seu espirito a imagem é que conta. A imagem que esta indo para o seu cérebro. O que é que você viu? Vamos falar do encarnado, o que é o que você vê? O que você vê não é uma imagem que é formada? Captada pelos seus olhos e enviada para o cérebro? Não é isso? E a isso você chama realidade?
Eu – Não.
O – Não. Pois é! Só que para o seu cérebro é isso que é a realidade. E é isso que a maior parte das pessoas chama de realidade, o que vê, o que toca o que escuta. Só que o que você escuta – ou o que você vê ou toca – ou o que saboreia – falando ai dos cinco sentidos – ou o que você cheira, todas essas coisas na realidade vão formar uma imagem no seu cérebro – órgão – mas também uma imagem para o seu espirito. Não é isso? E por que o que você cria com a sua imaginação não faz o mesmo?
Eu – É! Realmente! Então quando nós estamos com aquela dúvida – tenho que tomar uma decisão – e é claro que a maior dificuldade é a zona de conforto na situação. Muitas vezes sofrendo pra caramba, mas ainda é mais confortável se manter ai que conhecer o novo. Eu estou passando essa imagem para o meu cérebro, ele esta registrando, e está levando esse sofrimento para…
O – Ele esta vivendo esse sofrimento.
Eu – E isso se torna uma realidade?
O – Isso é a realidade. Porque se você levar em consideração que a realidade é aquilo que foi percebido pelos seus cinco sentidos e enviado para o seu cérebro, o que você enviou para o seu cérebro com a imaginação também é realidade. E veja o sofrimento!
Eu – Mas e se a gente estiver sentindo? Nós passamos para o cérebro a mensagem de que aquilo é o que se quer é o que está certo naquele momento. Mass…
O – Espera! Não estou falando da mensagem do que você quer, eu estou dizendo que o que chega para o seu cérebro é a imagem formada a partir disso, e é nisso que a maior parte dos espíritos encarnados ou desencarnados perdem o controle – porque muitas vezes você quer – mas a imagem que vai para o cérebro é da destruição do que você quer. Essa é a imagem que é o real para o seu cérebro, não interessa o seu querer.
Eu – Não entendi! O que você quer é o que vai destruir…
O – Não. Não… Vamos dar um exemplo material!
Eu – Ok! Eu quero um carro!
O – Ok. Você quer um carro! Perfeito! Qual a imagem que você manda para o seu cérebro?
Eu – Daquele carro. É obvio!
O – Não! A maior parte das pessoas manda a imagem do carnê! Da divida!
Eu – Ah é?
O – Sim. Converse com as pessoas que você conhece.
Eu – Então você está querendo o carro, mas a mensagem que você esta passando é…
O – Você esta querendo o carro. Mas a imagem que você passa para o seu cérebro passa a ser vista como a sua realidade. E é a da divida. Você gosta de divida? Não! Então como é que você vai se sentir?
Eu – Angustiada! Agora tem uma coisa – quando o coração esta sentindo – o cardíaco diz para você que você não vai conseguir pagar esse carro. Como fica isso?
O – Ai a realidade fica mais feia ainda, porque além de você ter a imagem do carnê, você ainda se imagina incapacitada. Vocês já receberam muitas mensagens que foram mal decifradas.
Eu – Como assim?
O – Quanta gente já não se aproveitou disso para fazer palestrinha de autoajuda. Quanta gente já não deu nomezinhos mágicos – esotéricos – ou exotéricos para se aproveitar disso. Mas o que é importante lembrar – o que é real, é aquilo que você percebe com os sentidos e envia para o cérebro. Mas que se perceba que se tem também outros meios para enviar mensagem para o cérebro, e aqui eu estou dizendo cérebro para que se entenda no plano encarnado, mas é para o espirito que isso vai. Essa energia, ela vai ser metabolizada pelo seu espirito.
Eu – Alguém do grupo quer fazer perguntas? (Silencio).
O – Então cuidado. Porque quando eu disse da imagem, eu não quis dizer os seus quereres. Mas sim – a imagem – porque essa é uma confusão muito grande, a maioria das pessoas que quer, não manda imagem do que quer.
Eu – Manda das consequências que vai ter?
O – O que é pior! Manda das ilusórias consequências.
Eu – Tá! Mas a divida do carro não é uma ilusão! Ela é real. Você comprou o carro, tem que pagar.
O – Você comprou o carro e tem que pagar. Isso é rea! Mas não significa que você vai falir.
Eu – Quer dizer que já se coloca na frente à condição o fracasso?
O – Exato. Mas isso não quer dizer também que é só você ficar imaginando dinheiro que você vai ficar rico. Porque isso é ridículo.
Eu – Então esses treinamentos mentais que se faz dizendo atrair riqueza é balela?
O – Ridículo! Mas a importância de criar imagens que você realmente queira, porque o querer tem sido muito mal utilizado.
Eu – Mas o querer e o poder, nós já falamos sobre isso…
O – O querer na realidade é um grande impulsionador da humanidade. Quantas vezes já não te disseram. Isso é impossível! E você foi e fez, e o impossível se tornou verdade. Isso é um querer bem utilizado, é um querer visualizado, e às vezes é um querer teimoso também, mas só que é impossível. Mas que vira um estimulo. Então mais uma vez, nosso principal tema é falar sobre o Bem e o Mal Sofrer. E porque estou falando de querer, porque na maioria das vezes o que se coloca, é simplesmente essa imagem negativa das coisas. As sociedades, os governos, as religiões oficiais no plano encarnado trabalham muito com isso. A imagem negativa. E isso faz com que se cristalize e se evite decisões, principalmente porque parece que errar é algo punível demais, e por medo de ser punido, é melhor não fazer. Porque eu não erro. Mas eu também me impossibilito de acertar, ou mesmo de fazer a roda da vida girar. E isso se chama em qualquer plano, seja encarnado ou desencarnado, desperdício.
Eu – Mas existe um trecho do Evangelho que diz que a felicidade não é para essa encarnação no planeta terra.
-Pessoa do grupo- É diz que é um planeta de expiação.
O – E o que é expia? Expiação é reconhecer que alguma coisa te incomoda e incomoda os outros, e conseguir que isso seja revertido. Então esse é um planeta de oportunidades. Não é um planeta para ser chicoteado. É um planeta para reconhecer quais os seus (vou usar uma palavra que eu não gosto) quais os seus defeitos, e sana-los. É um planeta para se viver e perceber quais foram os caminhos que te levaram a dor, e quais foram os caminhos que te levaram a felicidade, e concertar isso. Então expiação não é castigo, expiação é oportunidade de reparo.
Eu- Perguntas grupo?
Pessoa do grupo – Com relação ao Bem e o Mal sofrer. Eu perdi um filho muito jovem, e eu acho que eu superei relativamente bem. Sofri. E eu interpreto pela explicação que fiz disso um Bem Sofrer, porque perder um filho não é fácil. Mas acho que sofri e esta tudo bem. Por outro lado em alguns momentos dificuldades com relacionamento vivo um Mal Sofrer – e são coisas no meu ponto de vista – incomparáveis – a perda de um filho com o gerenciamento de um relacionamento. Ficar sofrendo por causa de um relacionamento que nem me traz nada…
Eu – O que você esta querendo dizer é: Eu consigo lidar com a perda de um filho, e não consigo lidar com a dificuldade de uma relação. Seria isso? Pode ser assim a pergunta?
Pessoa – Sim, isso mesmo.
O – Claro. Todos nós, inclusive no plano espiritual, mas os encarnados mais ainda porque a encarnação nada mais é do que um período em que o convívio é mandatório. Impossível não conviver durante a encarnação, e o convívio sempre vai trazer dificuldades, e também vai trazer as grandes oportunidades e as grandes felicidades, que são os grandes desafios. Então todas as relações estão aqui para isso. A dor vai acontecer, mas é importante que se escolha o que vai fazer com ela, talvez no exemplo que você usou, e eu vou tentar aqui entender esse exemplo sem me intrometer pessoalmente no assunto. Você fala de um fato que é inexorável! Houve um desencarne. Você sabe a data desses desencarne – e ele já aconteceu – e você tem que lidar com algo que é inexorável. Já aconteceu. Agora você vai ter que se armar de conhecimento, e mesmo de fé para perceber que apesar disso ter sido dolorido naquele momento, isso não é definitivo. Porem num relacionamento que ainda continua você não tem data.
Eu – E não aconteceu né? Quem vai ter que fazer acontecer é ele, ou a pessoa que esta vivenciando. Não?
O – Então veja. Entre os encarnados, ou desencarnados a sua dor sempre é a maior. E a dor atual é sempre maior que qualquer outra, porque é esse momento que você está vivendo. Porque o tempo ainda é um dos limitantes. Principalmente durante o tempo dos encarnados. Então é claro que o sofrimento atual – ou a decisão atual – a dúvida atual – a oportunidade atual. Essa é que tem que ser olhada. E é essa que vai te causar mais dor e ansiedade.
Eu – Então quer dizer que para a dor não existe a qualificação? Na morte do filho foi uma dor nem sei como, mas nesse momento essa dor toma a mesma proporção?
O – Essa dor é mais importante que aquela, porque ela é atual.
Pessoa – E vem atrelada a decisão?
O – Sempre! Porque no momento de um desencarne você também tem que decidir o que fazer.
Eu – Como assim?
O – No desencarne de um ente querido você também tem o momento em que você decide, você toma posse da sua encarnação, ou não. No momento em que você decidir tomar posse da sua encarnação, você vai seguir em frente, você vai ver que existem muitos outros aprendizados. Mas sempre a decisão, porque o que você chamou de superação talvez tenha sido a decisão de continuar. De tomar posse da encarnação e de não se abandonar.
Eu – É porque no momento de uma dor tão grande ou você se apossa da sua encarnação e continua, ou então se entrega e não tem como superar. Né? Mas também não foi ele que decidiu a morte do filho. Aconteceu e ele teve que enfrentar,
O- Sim. Mas o livre arbítrio é o que você decide fazer com o que acontece. E não é o que você vai decidir que vai te acontecer.
Eu – É inclusive nós aprendemos que a evolução esta neste movimento. É você saber como lidar com os acontecimentos, sustentar a dor e o sofrimento.
O – E ai vem à palavra responsabilidade – que é a habilidade de responder – e não a culpa – nem castigo. Então o Bem Sofrer e o Mal Sofrer, essa grande explanação que Jesus já tinha feito e que no Evangelho segundo o Espiritismo foi de certa forma explicada pelos autores que estavam no plano espiritual, é a decisão do que fazer a cada momento. Em cada uma das vezes em que eu tenha que escolher direita ou esquerda – aqui é uma metáfora – claro que eu posso escolher o Bem ou Mal Sofrer. Eu posso escolher ficar fixado na dor e me tornar uma vitima e a vida vai ficar talvez menos colorida. E com certeza com essa escolha as oportunidades reduzirão.
Pessoa do grupo – Como ter essa claridade de ver. Existe uma recomendação?
O – A grande recomendação é agir com Amor. O que é outra confusão enorme. A maioria das pessoas por motivos de treinamentos religiosos, aqui não falo de religião no sentido espiritualidade mas religião como instituição – ou instituições – aprende que o Amor é dizer sim para tudo. Isso não é Amor. Isso é subjugação. É submissão numa relação muito desequilibrada. Amor muitas vezes é dizer não. O Amor muitas vezes é dizer adeus. O Amor muitas vezes é discordar. A forma muitas vezes de como se decide fazer isso é que é importante – o fato não é importante – mas o que eu decido fazer com ele é importante.
Eu – Você diz de como tomar essa atitude? De como agir com isso?
O – Sim! Sim a decisão de como agir e de como faze-lo. Houve um tempo em que mesmo nas manifestações, inclusive no plano Espiritual, havia crença de que o fim justificam os meios. Que se eu tenho um objetivo eu tenho que fazer tudo para alcança-lo. Hoje na realidade se sabe que o importante são os meios, os fins não são tão importantes. A forma como você age é que é importante.
Eu – Isso que você está querendo dizer é respeite o espaço do próximo. Trabalhe amorosamente na situação a ser resolvida. Seria isso?
O – Amorosamente. Mas você esqueceu o mais importante. O respeite o seu espaço.
Eu – Éh! Sempre esquecemos nosso espaço.
O – Sim. Porque senão a relação volta a ser de submissão e subjugação. E isso é uma relação desequilibrada. Por isso nós resolvemos enfocar nisso, porque aqui no plano espiritual muitos dos Espíritos que já passaram pela encarnação e aqui se encontram – continuam renitentes.
Primeiro por não reconhecerem seu espaço e não realizarem o autoperdão. Mas mais do que o autoperdão, não realizarem a sua responsabilidade. Ou seja. Perceberem que tem a habilidade de responder. Muitos continuam vivendo na culpa, e isso paralisa isso os impede de participarem de projetos muito mais importantes no plano desencarnado. Mas isso é um reflexo do que acontece no plano encarnado.
Eu – Levamos isso quando desencarnamos?
O – Sim. Então se você pegar as tradições religiosas, de certa forma no mesmo foque anterior parecia uma critica, mas se eu pegar as tradições religiosas todas elas também nos contam os caminhos a serem seguidos. Os pecados capitais, por exemplo – a inveja – alguém que tem inveja se parar de ter inveja e construir alguma coisa, se cura, produz alguma coisa. Enquanto se vive só pela inveja, não se vive. Isso vale também para o plano desencarnado. O não aceitar, o não perceber seus limites e não perceber inclusive que você pode ultrapassar esses limites. Isso desde que não envolva decisões dos outros. Se envolve decisões dos outros, você depende dessas decisões, mas você pode ultrapassar limites! O que faz o invejoso?
Eu – Se sente incapaz?
O – Exatamente! E se limita mais do que precisa. Ele não acredita na sua capacidade e não realiza. Portanto as tradições, elas vão mostrar caminhos, isso infelizmente tem sido deturpado em alguns momentos, mas elas vão mostrar caminhos.
Eu – O que você explicou no inicio me reportou para uma coisa que acontece muito. Se vê muitos pais e filhos que os pais lutam para dar uma oportunidade, dão duas, dão três oportunidades e esse filho (existe também entre casais) continua na mesma, até que o que da a oportunidade se enche, desiste, e vai ser feliz. Porque tem tudo para ser feliz. Aquele que não aceitou ajuda optou por não vir junto. Essas pessoas que fazem a opção pela felicidade vai se sentir culpados. Da para entender o que eu estou colocando? Essa culpa não deve ser carregada. Não é?
O – Depende. Pai Benjamin até da um sorriso aqui e diz para eu dizer, inclusive para mexer com você, que cada caso é um caso. Veja. Se existe como você disse essa disfunção e se isso é impossível. Não. Não deve ter culpa. Agora se alguém que você diz amar, simplesmente não lhe agradece, porque você amou com o interesse de ser reconhecido. Isso não é amor. Isso é apego. E ai sim você deve ter responsabilidade, deve ter que perceber o que você esta fazendo. Porque veja. Os filhos. Mães. Pais. Os casais. Existe um momento em que a relação esta como você disse. E se isso esta fazendo mal para todo mundo e alguém se retira e respeita, não há porque se responsabilizar, porque isso é um erro também muito comum, querer se responsabilizar pelas atitudes do outro. Agora, veja o outro extremo, que é deixar de fazer porque não recebeu o reconhecimento suficiente que você queria isso não é amor.
Eu O reconhecimento você diz a pessoa agir como você quer? Seria isso?
O – Exatamente! Isso não é amor. Isso é apego.
Eu – Isso é apego e manipulação também?
O – Pois é! Por que cada caso é um caso?
Eu – Éh. Pai Benjamin tem razão quando diz que cada caso é um caso.
O – Então é preciso avaliar bem e sempre se responsabilizar. Ou seja. Ter a habilidade para responder. Porque carregar todos nas costas é ruim. O ser humano já foi feito inclusive com esse formato de corpo para que não precisasse ficar nas costas de ninguém, se ele precisasse ficar nas costas provavelmente teria um corpo de Cuíca. Que é aquele gambazinho cujos filhotes ficam nas costas da mãe.
Eu – E quando você tem duvidas de quando libertar alguém? Porque muitas vezes a dúvida está no apego e não no amoroso, isso vai impedir que o outro cresça também, né?
O – Sim. Sempre! O que pode o apego gerar? O que o apego gera?
Eu – Sofrimento demais. E mais apego.
O – O apego vai gerar amor? Só Amor gera Amor. Então às vezes agir com Amor…Veja Jesus Cristo que com muito Amor quase destruiu os vendedores do templo, para mostrar para eles que eles estavam errados, que não se devia explorar o templo com mercadorias.
Eu – Então o melhor é sair desse sofrimento que nos traz o texto. Numa simples decisão?
O – É nisso que nós queríamos chegar. O apego à dor.
Eu – Então é sempre o apego que gera essa dor da indecisão?
O – Sim. O apego à dor. O apego ao sofrimento. E veja que interessante, lembra quando eu disse que o tempo é um limite. É importante. Isso já foi explicado por nossos companheiros em outros estudos. Olha como é interessante! Algumas pessoas não percebem que o tempo também é um limite do sofrimento. O sofrimento aconteceu em tal dia, deveria ficar só nesse dia.
Eu – O pior é que se carrega esse dia para a vida toda, né?
O – Pois é. Mas o dia já é outro. O importante é que se veja que esse limite do tempo é um limite que muitas vezes é benéfico também. Deve-se aproveitar esse lado benéfico do limite do tempo. E aqui no plano espiritual nós temos visto muito do reflexo desse apego ao sofrimento. Dessa manutenção e a não percepção de que as coisas já mudaram. Vocês no grupo de Apometria muitas vezes recebem algumas personalidades que nem sabem que desencarnou. Isso é um grande apego. Que de certa forma não abrem os olhos – não os olhos como órgãos físicos – e sim para as mudanças. Ou seja. Não percebem que já estão em outro plano, apesar de todas as dicas. Vocês já estão cansados de ver até no filme aquele desencarnado tentando tocar no irmãozinho, na esposa, no marido, enfim, tentando participar e não conseguindo. Quer dica melhor do que essa?
Eu – Mas continua na ilusão?
O – Continua na ilusão. E a ilusão só traz sofrimento. Então é muito importante que se trabalhe isso um pouco durante o período de encarnação, essa percepção de que o sofrimento tem limite. A dor tem limite. O limite pode ser o tempo. A felicidade também ainda tem limite.
Eu – Mas esse limite que você esta falando é o limite dado pela própria pessoa?
O – E pelo tempo. Nem todos os limites são dados pela própria pessoa.
Eu – Então tem coisas que tem que durar aquele tempo?
O – Sim. Porque o tempo é um limite. E o tempo não é você quem da, na verdade você recebeu esse tempo. Então é muito importante que se veja que existem limites também para o sofrimento, e que ele deve ser abandonado, porque o apego ao sofrimento mesmo depois do desencarne continua prendendo em correntes muito firmes. Aconteceu! Que bom que eu estou encarnado. Afinal o tempo é um limite. E se aconteceu naquele dia não esta acontecendo mais hoje, e eu posso então entregar e deixar de sofrer porque eu já sofri naquele dia.
Eu – Preciso tirar uma duvida. Você disse que o sofrimento tem um tempo. Esse tempo foi determinado no período entre vidas? Nas escolhas que você fez para você mesmo?
O – Eu quero explicar que isso é bastante complexo, e multfatorial. Benjamin diz que eu devo dizer que Cada Caso é um Caso de novo! Mas eu prefiro dizer para você que é muito complexo e que não vai depender só de um fator. Vai depender de como você direciona as suas decisões, e que caminho você resolveu seguir.
Eu – Então também esse tempo é determinado peles atitudes, escolhas e decisões?
O – O tempo todo. Senão nós seriamos só atores desempenhando um papel que já teve o seu escritor definido o que eu tinha que interpretar. E não é assim. Então, cada um dos fatores, cada uma das decisões afetará outras, e outras, e outras… Qual um jogo de peças de dominó.
Eu – É tudo está ligado né?
O – Exatamente. E talvez o mais importante seja a percepção de que as coisas acontecem com ou sem a sua intervenção, que isso também se por um lado diminui o poder que você tem, também diminui a sua chance de adquirir culpa, porque afinal você não precisa levar tantas coisas nos seus ombros.
Eu – O que você esta dizendo é que quanto mais rápido você toma uma decisão, uma atitude, menos peso você carrega e menos culpa você adquire?
O – Isso. E também, se a sua decisão afetou o outro diretamente pelo que você fez você é responsável por isso, mas se afetou o outro pelo que ele acha, ele é responsável pelo que ele acha.
Eu – Mas não vai afetar o outro sempre?
O – Tudo que você faz afeta o outro. Mas quem escolhe se afetar é o outro. Como o outro se afeta é problema do outro, deixa de ser problema seu. Isso não significa que você passe a ser grosseiro ou desconsidere o outro. Mas isso significa que no seu espaço quando é necessário tomar algumas atitudes, a interpretação do outro é de responsabilidade dele.
Eu – Se um ciclo esta vencido com essa pessoa e eu tomo uma decisão. Eu entro na lei de causa e efeito? Sim, né! Tudo esta na lei de causa e efeito.
O – Você já respondeu. Agora cuidado. Causa e efeito não é crime e castigo, certo! Então se você toma uma decisão, sim, já é um efeito dessa decisão. Tudo tem um efeito. E já falamos disso aqui, se você planta banana não vai colher laranja. Se colheu laranja, aprenda a gostar de laranja ou então mude a plantação para banana. O que não pode é plantar banana e querer colher laranja. Muitas vezes o que acontece é que ao invés de ficar chorando no pé de banana porque ele deu laranja e não banana é você começar a fazer suco das laranjas e se adaptar a isso, porque querer mudar isso se chama teimosia, e a teimosia requer um pagamento muito caro, porque a teimosia gera uma divida. Sempre.
Um dos do nosso grupo pergunta – Pode-se dizer que a teimosia é a falta de uma decisão na hora certa?
O – Não. Teimosia é não se responsabilizar pela sua decisão.
Eu – Se decide e depois não arca com as consequências?
O – Exatamente.
A mesma pessoa – Mas eu posso me arrepender?
O – Mas você só pode se arrepender depois de decidir. O problema é que a maioria das pessoas sofre porque pode se arrepender e não decide, então uma coisa que ere para acontecer em tal dia, e teria uma duração de uma hora, pode ter duração de séculos.
Eu – Mas você pode se arrepender também quando resolver voltar atrás e aquilo não existir mais. E se voltar não vai ser igual.
O – Você consegue ser banhada pela mesma agua de um rio mais que uma vez? Algo retorna igual? Mas se você não se decidir… a partir do momento em que você se decidiu e se arrependeu. Vê o que você pode fazer. Se você se responsabiliza por isso ok! Ah mais eu queria voltar atrás… é a mesma coisa que querer que meu pé de banana dê laranjas. Também se chama teimosia. E você vê quantos saudosistas! Entre os encarnados você ouve muito. No meu tempo era tão bom! Era nada! Se não igual, era pior. Isso é teimosia! Para não perceber que o bom é o presente. Por isso se chama presente. Mais uma vez nós resolvemos enfocar esse assunto porque é um assunto bastante complexo e vai merecer outros enfoques e outros momentos de discussão, principalmente porque nós temos visto muitos assim aqui entre os desencarnados. Muitos dos que fazem parte do nosso grupo têm auxiliado grupos de socorro. Tem auxiliado também algumas colônias junto com nossa amiga Bem Vinda, e o que nós temos visto é a reincidência. Essa teimosia é a não percepção das mudanças. Inclusive das mudanças do plano encarnado para o plano desencarnado. E o que isso traz de sofrimento! Até nos filmes e nas comédias que vocês assistem isso traz sofrimento. Temos que ter a percepção de que as coisas mudam. E elas têm que mudar porque elas são complexas, elas dependem de varias decisões. E não se tem o controle. E não ter o controle para alguns é sofrimento. Mas devo perceber que não ter o controle diminui muito à carga que eu tenho que levar por cada coisa que acontece. Ai a vida se torna mais leve, e eu percebo que não ter controle muitas vezes é muito agradável e me permite navegar por vários mares, mas sempre com os olhos abertos – não só os olhos do corpo físico – mas os olhos da Alma. Do Espirito. Para poder ver em que plano estou. Qual a nova mudança. Qual a nova forma de agir. Porque um dos grandes erros, e aqui acho que resume tudo que nós queríamos dizer, um dos grandes erros é querer continuar querendo ser o mesmo, e agir da mesma forma em todos os lugares. Isso não é coerência. Isso é rigidez. E rigidez é responsável pelas maiores fraturas óssea.
Eu – Isso esta ligado ao orgulho também?
O – Sem duvida! Sempre! O orgulho é um dos grandes venenos. A rigidez é um orgulho porque afinal quem é Deus para dizer o que acontece. Eu é que sei o que é bom. Quer orgulho maior que esse? Então nós gostaríamos muito que entre os encarnados principalmente, que essa rigidez e dessas crenças fosse amenizadas, para que se abra mais os olhos do Espirito, e que se perceba que o tempo todo há a oportunidade de poder tomar decisões e seguir outros caminhos. E que os caminhos não são certos ou são errados, eles simplesmente são caminhos que levam para algum lugar. E que em todos esses caminhos eu posso tomar outras decisões e outro caminho. Mas que é impossível voltar atrás – porque o atrás não existe – já foi – já aconteceu.
Então nós gostaríamos de nos despedir. Agradecer essa oportunidade que vocês nos deram. Porque essa era uma coisa que nós estávamos ansiosos para abordar pelas experiências que temos tido aqui. E vou te dizer mais. Não é porque nós fazemos parte de um grupo de desencarnados em discussão, que muitos de nós também não vivenciamos isso, e também não fomos atingidos por esse orgulho e essa rigidez. Então agradecemos inclusive por termos tido a oportunidade de discutir entre nós. De falarmos com vocês. De termos aqui conosco alguns orientadores, alguns mentores que muito também contribuíram. Queremos agradecer a Bem Vinda, ao Benjamin, e a outros orientadores que aqui estiveram conosco. Agradecer também aos nossos irmãos da irmandade da Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que fazendo o trabalho de intercomunicação, possibilitaram essa comunicação. Agradecer principalmente ao Pai amoroso por tantas oportunidades que Ele nos dá, quer seja de espiar o que nos pesa. Quer seja de provar que já somos capazes. Porque afinal esse mundo é chamado de provas e expiações por causa disso – nós podemos provar que somos capazes – e espiar o que ainda nos pesa, tirar o peso dos ombros. Quer seja muitas vezes por períodos. Que mesmo nessa orbe vivamos momentos de regeneração e de tranquilidade. Agradecer esse Pai por todas as oportunidades que nos levam a perceber quanto ainda temos a trilhar, tanto no plano encarnado como no plano desencarnado. Agradecemos a todos…..
Eu – Nós estamos gratos também. E peço que tragam sempre um tema que seja importante para todos nós. Esses estudos e essas informações são muito valiosos para o nosso grupo aqui presente e também para quem tiver acesso através do nosso meio de comunicação. Sabemos que todos os temas abordados passam por pesquisas e estudos através de todo o grupo de desencarnados, com apoio desses orientadores que já tem um entendimento mais amplo das encarnações. Gratidão! Gratidão é o que tenho para expressar neste momento. Que a Luz Divina nos envolva.