08jun

Quanto mais a ciência avança, mais se descobre que a natureza oferece aos seres humanos tudo o que é necessário para garantir sua alimentação, saúde e bem-estar. Plantas que há poucos anos eram simplesmente ignoradas passam a ser reconhecidas por suas propriedades surpreendentes – que já eram de conhecimento de povos muito antigos. É o caso da maca peruana (Lepidium meyenii; Leipidium peruvianum) – atualmente famosa por ser um tônico poderoso capaz de melhorar o desempenho generalizado do organismo. A planta é de fato surpreendente: desenvolve-se entre 4 e 5 mil metros de altitude, nos Andes Centrais do Peru, com temperaturas que oscilam entre 20 graus positivos e 25 graus negativos, de acordo com o período do dia e a época do ano. Seus nomes populares – “Ginseng dos Andes” e“Viagra dos Incas” – dão boas indicações de suas qualidades. A maca é comparada com o ginseng porque apresenta as mesmas propriedades estimulantes do organismo e do desempenho de várias funções. Vários estudos estão apontando que ela também pode colaborar com os tratamentos hormonais: ao que tudo indica, a planta apresenta determinadas moléculas que possuem a mesma estrutura que os hormônios naturais, tanto do homem quanto da mulher.

Muitos destes estudos estão sendo feitos com mulheres na menopausa que necessitam de tratamentos de reposição hormonal e, até o momento, os resultados têm sido satisfatórios na diminuição dos calores ou fogachos, na prevenção e controle da osteoporose e no estado emocional geral, com a vantagem de não apresentar os efeitos colaterais comuns nos tratamentos de reposição hormonal tradicionais.

A planta é qualificada como uma das raízes e tubérculos andinos de mais alto conteúdo proteico. De fato, ela tem a surpreendente capacidade de crescer em altitudes extraordinárias, no local mais inóspito da Cordilheira dos Andes, onde as temperaturas são extremas: do intenso calor da manhã às mais frias noites, com gélidos ventos e nevadas persistentes. Em local tão hostil, onde há pouco oxigênio, existe rara vegetação: só crescem batatas amargas e a maca. Não existem árvores, apenas plantas com poucos centímetros de altura.

A maca (Lepidium meyenii) pertence à família das Crucíferas ou Brassicáceas – a mesma do brócolis, do repolho, do nabo e do rabanete. Aliás, sua raiz é realmente muito semelhante ao rabanete, mas difere um pouco na coloração e no tamanho: sua coloração varia desde o branco e amarelo claro até o marrom escuro e o roxo, já o tamanho pode ficar entre 5 e 7 cm de diâmetro. O sabor e a composição química não se alteram em função da coloração da raiz – que é a parte principal na elaboração dos produtos.
A planta apresenta talo curto, as folhas crescem perto do chão e são compostas, medindo de 6 a 9 cm. Já as flores são pequenas, de cor branco-amarelada e com quatro pétalas.
Do plantio à colheita o ciclo leva cerca de sete a nove meses.

A raiz da maca é facilmente seca ao sol e mantém suas qualidades nutritivas com altos teores de ferro durante vários anos de armazenamento. Suas qualidades como um excelente alimento eram de conhecimento do povo inca, que usava a maca por sua ação estimulante da fertilidade e do desempenho sexual. Foram encontradas evidências antropológicas de seu cultivo no Peru desde o ano de 1600 aC.

A maca era considerada pelos incas como um “presente dos deuses”. Eles a cultivavam como alimento, a utilizavam em cerimônias religiosas, especialmente nas danças e rituais. Relatos espanhóis contam que durante a conquista do Peru, os animais trazidos da Espanha não se reproduziam normalmente naquelas alturas. Os nativos aconselharam os conquistadores a alimentarem seus animais com maca, o que trouxe resultados positivos, aumentando os níveis de reprodução dos animais.
O fato de atuar positivamente na fertilidade parece reforçar a antiga afirmação dos tradicionais xamãs andinos: “Quando a maca é consumida, os espíritos ficam por perto. A maca leva os espíritos a nascerem”.

Conta-se que durante os 100 primeiros anos de colonização, a maca era usada como dinheiro e fazia parte dos tributos exigidos pelos colonizadores. Também teria sido enviada para Cuzco como tributo aos governantes incas quando eles conquistaram as regiões de seu cultivo. Além disso, sua importância era tão grande para o povo, que também era usada para realizar trocas entre as comunidades.
Alguns estudiosos afirmam que o uso da maca poderia estar presente na região dos Andes desde os tempos em que as primeiras civilizações indígenas a habitaram, época anterior à presença inca no território. Mais tarde, durante a época dos povoadores incas, a maca teria sido considerada um alimento para as castas superiores, ao mesmo tempo em que era uma oferenda para os deuses.
Em seu livro Maca: Adaptogen and Hormonal Regulator (Maca: adaptogênico e regulador hormonal), a PhD Beth M. Ley diz que a Maca foi domesticada pelos “pumpush”, uma tribo guerreira agressiva que migrou da selva amazônica para os Andes. Mais tarde, o povo “yaro” chegou às montanhas andinas e cultivou imensos campos de maca. Finalmente, o império inca conquistou as regiões de cultivo de maca nos Andes.

Reza a lenda, que durante o apogeu do império Inca, os guerreiros incluíam as raízes da maca na sua alimentação antes de participar das batalhas, o que os tornavam extremamente fortes. Além disso, os guerreiros que se destacavam em combate recebiam a maca como prêmio por seus feitos.

No século XX, o conhecimento sobre a maca quase desapareceu. Tanto que em 1979, o Departamento de Agricultura Peruano encontrou apenas 70 acres de maca cultivada em seu país. Foram realizados estudos sobre a ação da maca sobre a fertilidade em animais (Dra. Chacón, Peru, 1961) e em seres humanos (Gonzalez, 2001). Sem dúvida, os estudos realizados pela bióloga peruana, a PhD Gloria Chacón de Popovici, lançaram novos holofotes sobre a maca. Sua pesquisa demonstrou que a maca aumenta a fertilidade em ratos, cães, carneiros vacas e também em humanos.

Em 1980, cientistas da Alemanha e dos EUA ao efetuarem estudos com ervas no Peru, reavivaram seu interesse pela Maca, chamando-a de “o cultivo perdido dos incas”.
A planta apresenta em sua composição, entre outros elementos, boa quantidade de cálcio, aminoácidos, proteínas vegetais, vitaminas e minerais como ferro, zinco, selênio e fósforo. A maca pode ser considerada um superalimento em razão do elevado valor nutricional. Além dos nutrientes citados, ela conta, ainda, com fitoesteróis, como sitosterol e campesterol, que aumentam a imunidade, pois são antioxidantes que combatem os radicais livres.

Usos da maca peruana

* Na menopausa: Estudos indicam que a maca ajuda a aliviar os sintomas comuns da menopausa sem os efeitos de outros tratamentos químico-hormonais existentes no mercado. A maca poderia ser usada como um tratamento vegetal coadjuvante no combate aos sintomas da menopausa, logo que estes começam a aparecer – são muito comuns os calores (fogachos), fadiga, suores noturnos, mudanças de estado de ânimo, diminuição da libido; além de problemas como osteoporose e alterações cardiovasculares. Geralmente, para combater estes problemas são adotados tratamentos com reposição hormonal que, infelizmente, apresentam alguns efeitos colaterais, o que não ocorre com a maca. Além disso, a maca apresentou ótimos resultados também na diminuição da fadiga, na redução do ressecamento da pele, no incremento da energia muscular e na elevação da libido – geralmente afetada na fase da menopausa.

* Problemas fertilidade e potência sexual: Estudos conduzidos tanto com seres humanos como com animais, realizados por diferentes especialistas (Dra. Chacón, 1961 e Dr. Gonzalez, 2001-2002) comprovaram que o uso da maca pode promover o aumento da mobilidade dos espermatozóides, do volume seminal e o incremento do desejo sexual em seres humanos. O consumo da maca peruana poderia resultar em melhoria no fluxo sangüíneo corporal e também na zona pélvica de homens e mulheres. Em razão deste efeito, a maca tem sido reconhecida há anos como um alimento capaz de aumentar o vigor e a potência sexual. Tradicionalmente, a maca tem sido descrita como um afrodisíaco para homens e mulheres, possivelmente por seus efeitos positivos no aumento nos níveis de testosterona no organismo.

* Como tônico para o organismo: O uso da maca peruana como tônico revigorante para o organismo em geral é conhecido desde tempos antigos. A ciência atual reconhece que plantas adaptógenas – como a maca – realmente possuem a propriedade de auxiliar o organismo a se adaptar às condições adversas do ambiente, aumentando a força e a resistência musculares. As plantas adaptógenas não atuam especificamente em uma debilidade física ou psicológica, mas revitalizam o organismo de uma maneira geral a fim de estimular suas próprias defesas imunológicas contra agentes externos agressores e promovem estímulo físico e mental.
Muitos fitoterapeutas têm reconhecido que a maca pode trazer bons resultados no tratamento da Síndrome da Fadiga Crônica, além de diminuir o cansaço mental e restaurar a energia e o vigor dos idosos.

Contra-indicações da Maca Peruana
Exceto para os alérgicos à planta, a maca peruana não possui contra-indicações nem interações. Entretanto, seu uso não é recomendado para as pessoas que utilizam hormônios, pois pode intensificar o efeito hormonal ou inibi-lo. Mulheres que tomam anticoncepcionais orais ou fazem terapias de reposição hormonal devem consultar seu médico antes de utilizar a maca peruana.

Vale o consumo

A farinha de maca peruana é de fácil consumo – seu sabor é adocicado e apresenta bastante versatilidade: pode ser adicionada a shakes, sucos, vitaminas, granola, polvilhada em frutas, no preparo de sopas, bolos e pães.

Fontes de pesquisa:

www.enplenitud.com

www.alimentacion-sana.com.ar

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